2 de maio de 2012

Resenha - No Tempo da Bolacha Maria

KLUEGER, Urda Alice. Tempo da Bolacha Maria, No. Blumenau: Hemisfério Sul, 2002, 99 p.


Urda Alice Klueger é natural de Blumenau- SC, publicou muitos livros como Verde Vale (1979), Nos Tempo das Tangerineiras (1983), Cruzeiros do Sul (1992) e entre outros na maioria romances ou crônicas de sua vida. A autora é também historiadora, e membro da Academia Catarinense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e da Sociedade dos Escritores de Blumenau.                                 Com esta obra a autora pretendeu trazer um pouco de seus conhecimentos e os acontecimentos marcantes de sua infância e juventude, narrando fatos que mexeram com o mundo ou mesmo só com o Vale do Itajaí e de certa forma como influenciaram na sua vida. O livro é dividido em 18 capítulos, que nada mais são que crônicas de sua vida, e a escolha do título de “No tempo da Bolacha Maria” se da pelo fato de a bolacha ter sido a principal guloseima na sua época e sempre esteve presente em sua vida. No Tempo da Bolacha Maria, nos traz uma noção de como era nossa região, Vale do Itajaí, mais especificamente Blumenau, na época da juventude da autora. Um livro muito interessante que nos mostra como era a realidade nas décadas de 1950, 1960 e 1970, e compara de forma engenhosa com a nossa atualidade. Ele nos transmite muita cultura ao informar como era o passado na maioria das famílias, sendo resumidos grandes momentos ocorridos pelo mundo e comparados com crônicas vividas pela autora e pela sociedade local. Ele é dividido em vários capítulos, todos contam histórias da escritora como a da antiga estrada de ferro, do cinema caseiro, das velhas páscoas, e mostra as diferenças do passado para o presente. No início do livro ela destaca sua conclusão sobre a páscoa atual:
“Fico entristecida quando vejo o que a sociedade de consumo fez com a Páscoa: para a maioria das pessoas, hoje, Páscoa significa ir ás Lojas Americanas disputar ovos de chocolate anunciados como os mais baratos do Brasil, muitas vezes levando junto às crianças para que elas próprias escolham sua marca preferida”p.26
            Mostra também as crenças, guloseimas e objetos de luxo da época. Onde que a famosa Bolacha Maria era iguaria em seu tempo, que a cegonha era a responsável por trazer os bebês e o significado do relógio na época caríssimo e usado apenas como um simples adorno e como forma de status social. Essa frase destaca algumas destas diferenças que ocorreram com a modernidade.
“Eu cresci no tempo antigo, antes da televisão, da geladeira, dos supermercados e das guloseimas sofisticadas de hoje.”p.50
Também retrata acontecimentos históricos como a construção do grande Muro de Berlim, a ditadura militar, a produção do filme “Férias no Sul” em Blumenau e a corrida espacial entre EUA e URSS. Explicando como esses acontecimentos mexeram com as pessoas da época, muitas vezes havendo dúvidas e revoltas por conta dos ocorridos. Para fazer com que o leitor se interesse a continuar a leitura ela faz uma pergunta sobre um dos temas que a deixava mais revoltada, a ditadura, veja:
“Antes do governo Sarney, porém, vivemos a Ditadura, e ela nos impingiu coisas mais ridículas ainda. Lembram-se do que aconteceu em 1972?” p.70
Para finalizar conta histórias do seu maior herói, o pai dela, no capítulo “O dia em que descobri que amava meu pai”. Veja como ela finalizou o livro:
“E no meio da escuridão foi aparecendo o farol da sua bicicleta, e ele assobiou de novo! Não preciso contar como estava meu coração! Foi naquele dia que descobri que amava meu pai!” p.99
Enfim, o livro nos faz perceber o quanto era diferente as coisas antigamente, as crenças, as culturas, a liberdade, o jeito de pensar. Enfim, por conta da modernidade muitas coisas melhoraram enquanto outras foram para pior, e cabe a nós resgatar as tradições mais antigas para tentarmos com uma forma de equilíbrio com as conquistas da atualidade tornarmos desta sociedade o máximo possível do ideal.                                          Eu indico esta obra a todos os leitores que apreciam o estudo da história de gerações passadas, e que goste muito de refletir sobre as falhas e os sucessos da humanidade.

Gabriel Dalmolin

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