19 de outubro de 2012

Amor Fraternal


O inverno já começara, e finalmente chegará a melhor época do ano, a época das maçãs, nada era mais saboroso que um maçã fresquinha, com exceção do leite materno de minha mãe, mas que não bebia há um bom tempo, tamanha riqueza que me proporcionou o maior milagre, o da vida. Foi difícil, difícil a forma que ela partiu. Sei que a culpa de ela ter partido foi minha, mas o que eu poderia fazer? Sempre fui muito menos do que meus irmãos. Enquanto eles iam brincar no lago, eu ficava tentando atravessar o pequeno riozinho. Quando ela adoeceu, todos me viraram as costas.Como eu poderia saber que só pelo simples fato de nascer eu a mataria? Então me vi em um poço sem fundo, e não sabendo mais o que fazer neste mundo cruel passei a correr, correr em busca do perdão. Meu coração amargurava dois sentimentos, era como amor e ódio galopando a mil quilômetros por hora, minha disparada era tão veloz que parecia que eu cortava o vento, e ele com raiva me chicoteava sem dó nem piedade. Queria eu pagar o preço salgado do erro que cometi, mas seria mesmo minha a culpa? Continuei minha caminhada em busca da redenção,até que encontrei um povoado distante.Reparei a ternura de uma mãe e seu pequeno filho,juro,lágrimas caíram do meu pelo castanho e felpudo. Me aproximei,e a partir dali começaram a acariciar meu pelo e tratá-lo como o mais rico e admirável pedaço de seda.  Foi então ali que voltei a sentir algo que me faltava á muito,felicidade,um sentimento que estava órfão de meu coração.Tratado como da família ali fui até que o destino me oferecesse um novo desafio.A guerra estava próxima,e não haveria outro jeito de eu livrar o tormento do falecimento de minha mãe.Partimos de matina,e chegamos no romper das auroras. Tudo parecia armado para aquele dia que viria a seguir,em outras palavras,tudo seria prólogo para o amanhã.Partimos para a batalha,não demorou muito para sangrarmos nossos inimigos,mas algo parecia me dizer que essa história não ocorreria bem.Bem,e minha intuição estava certa,era uma emboscada,e eu e meu amigos estávamos encurralados pela guarda rival.Tudo indicava para um fim terrível. E a culpa? Novamente seria minha por ter teimado em entrar por um atalho desconhecido? Lógico. Mas,nada mais importava,não deixaria novamente alguém que eu amo cair por terra sob meus olhos.Com minha agilidade e destreza redemoinhos de areia se fizeram o suficiente para distrair meus adversários e poder derrubá-los e pisoteá-los com meus cascos pesados.Era eu contra um exército,parecia utopia,ou melhor,um pesadelo.Mas era assim que eu queria o meu fim,de repente meus olhos se desviaram e vi uma arma voltada para meu amigo,corri como um pardo e cortei a frente quando a bala desparrou.O sangue se espalhava pelo meu couro,o vermelho transformava meu pelo em rosilho,e o meu pranto valente em resposta.Tudo estava acabado,os rivais fugiram,e meu amigo salvo.Ao menos meu último gemido não foi de dor nem de tristeza,mas sim de alívio,o alívio de ao menos uma vez não ter falhado,e finalmente poder encontrar minha mãe tão amada,nos campos celestes...

Gabriel Dalmolin & CMF

Nenhum comentário:

Postar um comentário